Plagiando alguém que disse que "a natureza não dá saltos", me atrevo a dizer, sujeito até a levar alguns "cascudos" como se dizia antigamente, que a lógica da reencarnação será um dos grandes temas de discussão do terceiro milênio. E esse assunto, ao contrário do que muitos podem pensar, não terá como carro-chefe o Espiritismo, que defende a multiplicidade das existências, mas, sim, através da própria ciência à medida que é cada vez maior o número de homens e mulheres de ciências (não espíritas) que começam a descobrir que muitos dos males que afligem seus pacientes têm suas origens em vidas pretéritas, tantas são as pesquisas em todo o mundo em torno do assunto. Somente no Brasil, já que moramos nele, segundo pesquisas, metade da população é convicta ou admite a reencarnação como possibilidade.
Esse percentual, em se tratando de Brasil, é para se refletir, pois que a grande maioria é católica e evangélica, ideologias religiosas que não reconhecem e nem aceitam tal possibilidade. Quem não acredita e não admite (que são duas coisas diferentes) imagino que deva ter uma imensa dificuldade, partindo do pressuposto de que Deus é infinito em todas as virtudes, para explicar de como conciliar todos esses atributos da divindade com as injustiças e maldades que preponderam na Terra em todos os tempos e em todos os sentidos. Será que quem sofre é mais amado por Deus e quem menos sofre é menos amado por Ele, ou vice-versa?
Quando esse tema é analisado sem fanatismos religiosos e, por via de consequência, de forma lógica e racional, chega-se à conclusão de que fora da reencarnação, não há, sequer, uma só resposta convincente que explique as dores e os sofrimentos de uns em detrimentos de outros, pois que essas discrepâncias somente se explicam, incontestavelmente, através da multiplicidade das existências. Fora dela não há teses e nem argumentos que se sustentem e expliquem esses desequilíbrios humanos quando confrontados no campo da lógica e da razão.
Faça o seguinte teste. Experimente explicar para você mesmo a razão de uns aportarem a este mundo com determinados distúrbios mentais, como a depressão, a psicose maníaco-depressiva, a síndrome do pânico, a esquizofrenia e outros tantos problemas cerebrais que afetam uma parte considerável da população mundial. Tente achar uma razão plausível e coloque-a frente ao tribunal da sua consciência racional, sempre levando em conta, é claro, a incomensurabilidade da soma de atributos do Criador. A ciência, mais propriamente a medicina, já se utiliza de técnicas sofisticadas para mergulhar nas histórias das vidas passadas dos pacientes, avaliando de forma segura as origens dos seus males para uma orientação mais eficiente.
Quando a ciência, principalmente, aquela que trata do psique humano, entender que a vida não começa no berço e não termina no túmulo, e sim que somos, todos, seres com uma milenar história pretérita de erros e acertos, estaremos dando um passo importante, fundamental e decisivo na descoberta das causas de algumas das aflições e dos distúrbios que acometem o ser humano, tanto no aspecto físico quanto emocional. Mas, tudo, absolutamente tudo nesta vida tem o seu tempo, pois que o objetivo primordial da existência humana é a evolução, e esta não acontece num estalar de dedos nem de um dia para o outro, pois que, ao contrário de nós que somos impacientes e precipitados e queremos tudo para ontem, o tempo, também conhecido como o "senhor da razão", não tem pressa, bem aos moldes da grande verdade exteriorizada por um autor desconhecido, mas sábio, quando grafou para a posteridade a célebre frase, e que, de tão genial e verdadeira, me permito repeti-la e encerrar: "A natureza não dá saltos".